Disponível também em fredericocattani.com.br
Dois agentes de mercado investigados pela Polícia Federal por causar perdas de pelo menos R$ 25 milhões a investidores usavam informações privilegiadas para escolher as vítimas. Ambos trabalhavam como gerentes de um banco antes de abrir a própria empresa e teriam acessado dados confidenciais para montar uma lista de clientes potenciais baseados nos recursos acumulados.
Conforme aponta investigação da Polícia Federal, Desiree Pacheco e Fabiano Teixeira, sócios na empresa DF Trade são suspeitos de realizar operações de compra e venda de ações sem o consentimento do investidor, o que é proibido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula atividades na bolsa de valores. O intuito seria ganhar a comissão gerada pelo serviço e não fazer bons negócios para os clientes.
Os supostos fraudadores atuavam como agentes autônomos vinculados a pelo menos cinco corretoras de grande porte no país.
Mário Sérgio Vaz Cabeda é um dos afetados pela suposta fraude. O professor universitário deixou cerca de R$ 80 mil em 2011 e 2012 aos cuidados da DF Trade. Alertado pelo irmão, também cliente, que desconfiou dos extratos emitidos pela empresa, resolveu resgatar o dinheiro investido. No período, perdeu quase R$ 30 mil, diz:
– Eu só confiei neles porque tinha o nome de uma grande empresa por trás. Depois de uma negociação difícil, a corretora ressarciu de forma parcial os prejuízos.
A quantidade de supostas vítimas chega a 60. Além do número de clientes enganados, que cresce conforme avançam as investigações da Polícia Federal, aumenta o tamanho do prejuízo. As perdas relatadas até agora são projetadas em R$ 25 milhões, 10 vezes mais do que o inicialmente estimado.
Depois de negar a prisão preventiva dos dois suspeitos, a Justiça determinou nesta quinta-feira o bloqueio de bens dos investigados, como prédio comercial em Santa Maria, residência em Passo Fundo, casa em condomínio de luxo em Gravataí e carros importados. Procurados, Desiree e Fabiano não atenderam às ligações.
Supostos fraudadores teriam ganhado com a massiva compra e venda de ações, a chamada taxa de corretagem, sem pedir autorização dos clientes
1. Antes de trabalharem como agentes autônomos, os dois profissionais investigados atuavam como gerentes de banco. Graças ao cargo, tinham acesso a informações confidenciais. Utilizando-se da posição privilegiada, montaram um banco de dados com nomes de clientes que tinham bastante recursos.
2. Depois de pedirem demissão, passaram a ir atrás dos clientes do banco para oferecer o serviço de orientação para investimentos no mercado financeiro. Os supostos fraudadores se utilizavam da credibilidade conquistada como gerentes de conta para convencer as vítimas a se tornarem seus clientes.
3. De acordo com a lei, a cada compra ou venda de ações, os agentes precisam de autorização expressa dos clientes para a efetivação dos negócios, que é feito por meio de uma corretora. Em cada uma delas é gerada a chamada taxa de corretagem, valor pago ao agente autônomo, responsável por intermediar o serviço.
4. O que os agentes investigados estariam fazendo era efetuar uma grande quantidade de operações sem autorização dos clientes. Sem se importar com o rendimento do dinheiro, a dupla supostamente estava preocupada apenas em ganhar a fatia cobrada pelo serviço.
5. O esquema começou a ruir quando alguns clientes começaram a desconfiar das sucessivas perdas e procuraram a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão responsável pela fiscalização do mercado financeiro no Brasil.
6. Uma das vítimas teria investido R$ 606 mil, com perda de 60% do valor em pouco mais de um ano entre pagamento de taxas e negócios mal feitos. Nesse período, foram pagos R$ 141 mil em corretagem. Até agora, 60 vítimas já foram identificadas e a fraude chega à cifra de R$ 25 milhões.
Fonte: Zero Hora.