Frederico Cattani

Advogado com experiência em aconselhamento de gestores e empresários | Atua em matérias complexas que exigem conhecimento, estratégia e senioridade | Conselhos Consultivos e de Administração | Direito Penal Econômico e Crimes Empresariais | Direito Eleitoral e Assessoria de Pessoas Públicas | Sucessão Familiar e Societária

12/10/25

Frederico Cattani: a volta do blog.... o que aprender com a nova lei que tributa a renda de altas rendas?

 ​Primeiro: a volta do blog

É hora de voltar a colocar as ideias no papel (ou no blog). Após um período de pausa, decidi reativar este espaço com um foco renovado e necessário. Aquele lugar dinâmico para compartilhar pensamentos e percepções.

​O mundo corporativo mudou (será?), e a segurança jurídica de quem empreende e gere negócios nunca foi tão testada. Por isso, a partir de agora, o blog será um canal dedicado à minha opinião pessoal e análise crítica sobre a responsabilidade de sócios e gestores. Não somente no extremo do direito penal, mas também naquele universo que vem antes dessas consequências.

​Este será o meu espaço para jogar minhas inquietações. Para vocês, leitores, espero que seja um lugar para capturar insights que nascem de uma jornada de muita experiência profissional, acadêmica e de pesquisa. Não espere o óbvio; espere a realidade da trincheira.

Segundo: o que a nova lei do imposto de renda sobre altas rendas e fortunas ensinou na prática?

​Para começar essa nova fase, quero falar da nova lei que cria o imposto mínimo para grandes rendas e fortunas.

​Neste final de ano, o que me assusta não é apenas a voracidade arrecadatória do Estado.

 O perigo que foi denunciado e escancarado: a incapacidade de planejamento preventivo e uma contabilidade totalmente precária e alienada.

​Estamos falando de empresas operando sem saber fazer contabilidade, sem ter qualquer noção sobre dados históricos e empresarios afirmando que seus números contábeis não são confiáveis.

Vejo dois problemas graves que foram jogados na frente dos gestores. Fatos que estão acontecendo agora, enquanto você lê este texto:

​1 - A surdez seletiva: Muitos ainda nem sabem para onde vão e o que está acontecendo. Pior: sequer têm apoio de profissionais que deveriam estar antecipando esse assunto. Ou as pessoas estão fingindo que nada aconteceu ou estão se fazendo de surda para não responder (deixa que lá na frente não vai dar nada).

​2. Cegueira deliberada: O segundo ponto — e o mais crítico — é que, na grande maioria dos casos que escuto, não existe o dado contábil. Como assim? O empresário não sabe usar DRE, Balanços e documentos mínimos de gestão financeira? Nunca pensou em distinguir se tem lucro do exercício ou lucro acumulado? Se não há clareza nesses números básicos, como planejar uma blindagem, uma holding ou uma eficiência tributária diante de uma nova taxação?

​Vamos ser francos: estratégia empresarial não é bater o ponto na empresa.

​Estratégia é antecipação. O sinal de alerta foi aceso e a melhor oportunidade de testar a capacidade dos profissionais que prestam assessoria está na sua frente: anteciparam o assunto? Sabem sobre o que estão falando? Prepararam com material sólido as reuniões? 

Ainda da tempo pra "ler os sinais". Mudanças tributárias estão batendo à porta, o cruzamento de dados pela Receita é uma realidade tecnológica imediata e "profissionalizar" a gestão (ou ter profissionais que ajudam) deixou de ser um diferencial para ser a nova ordem de sobrevivência.

​Quem entendeu isso? Quem também viu o sinal? Quem não viu o sinal vermelho e passou acelerado sem olhar para o lado, acabou de entrar numa "roleta russa".

​ É preciso atitude. E a atitude começa pelo dono, pelo gestor.