quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Lava Jato: 22ª. fase mira empresas offshore e contas no exterior



Operação, batizada de Triplo X, cumpre seis mandados de prisão e dois de condução coercitiva

A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (27), a 22ª. fase da Operação Lava Jato, cumprindo seis mandados de prisão temporária e dois de condução coercitiva na capital paulista, em Santo André, São Bernardo do Campo (na grande São Paulo) e Joaçaba, em Santa Catarina, além de 15 mandados de busca e apreensão. A operação é chamada Triplo X.

A ação mira negócios da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). São negócios relacionados a apartamentos que não foram entregues e estão de propriedade da empreiteira OAS, uma das investigadas na Lava Jato. 

O Ministério Público Federal (MPF) investiga a abertura de offshores e a compra de apartamentos para lavar dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras.

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que a empresa panamense Mossack Fonseca criou offshores para o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, e para o ex-gerente da estatal Pedro Barusco. Mário Goes, que é apontado pela Polícia Federal como um dos operadores do esquema, também teria recebido uma offshore. "A Mossack Fonseca era uma grande lavadora de dinheiro", afirmou o procurador. 

A Mossak é responsável pela offshore Murray, que adquiriu um condomínio imobiliário no Guarujá, litoral paulista, inicialmente construído pela Bancoop, presidida entre 2005 e 2010 pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, preso em abril do ano passado. O empreendimento foi repassado para a empreiteira OAS em 2009, em função de uma crise financeira da cooperativa.

A suspeita é que unidades imobiliárias da Bancoop/OAS teriam sido usadas para repasse de propina. Um desses apartamentos está no nome da empresa Murray, offshore aberta pela Mossak. A polícia apura indícios de fraudes na maneira como a Murray adquiriu o patrimônio. 

A publicitária Nelci Warken, que prestou serviços de marketing à Bancoop, foi a primeira pessoa presa nesta operação. De acordo com o procurador, ela seria uma "laranja" do esquema. Também foram presos Ricardo Honório, um dos sócios do escritório da empresa Panamaense Mossack Fonseca no Brasil, e Renata Pereira Brito que trabalhava com Honório. O nome da operação faz alusão a Murray que mantém um triplex no condomínio. 

“Além dos possíveis crimes de sonegação fiscal e ocultação de patrimônio, há indícios de que os imóveis foram usados para pagamento de propina a pessoas que hoje são proprietárias”, explicou o delegado da Lava Jato, Igor Romário.

O delegado acrescentou ainda que outras três pessoas que tem mandado de prisão temporária expedido estão no exterior. Uma delas é Maria Mercedes, administradora do escritório da Mossack no Brasil. Outra pessoa que já foi localizada e notificada é Ademir Auada, funcionário da empresa responsável por abrir diversas offshores. Auada também é esperado na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba.

O sexto mandado de prisão temporária foi expedido em nome de Luis Fernando Ernandez Ribeiro que não foi localizado pela PF. Todos estão ligados à Mossack Fonseca.

O delegado Igor Romário disse que as buscas e apreensões – 15 mandados – nas residências indicadas já foram concluídas. Na 22ª. fase da Operação Lava Jato ainda existem dois mandados de condução coercitiva. Com estes mandados, a PF já ouviu hoje o depoimento de Eliana Pinheiro de Freitas e Rodrigo Andres Fernandes, também funcionários da Mossack.

Procurador da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima acrescentou que ainda está sendo investigada a existência de uma estrutura criminosa para facilitar a abertura de empresas offshores – em paraísos fiscais - e contas no exterior para esconder dinheiro de propina fruto de atividades irregulares envolvendo negócios da Petrobras.

Três dos réus – [Renato] Duque [ex-diretor de Serviços da Petrobras], Mário Góes [empresário] e [o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro] Barusco - tinham offshores abertas pela Mossack.

“A Mossack Fonseca que é uma empresa com sede no Panamá e tem escritórios no mundo inteiro, inclusive em São Paulo. Esta empresa continuava promovendo a abertura de offshores no exterior”, disse Lima ao mencionar a continuidade das atividades, mesmo depois do início da Lava Jato.

Segundo o procurador, estas atividades foram confirmadas com a quebra de sigilos telefônico que indicam a abertura destas contas tanto para investigados da operação quanto para outras pessoas.

Lima conclamou pessoas que não estão envolvidas nas investigações a se explicarem para a PF. “Porque estão usando este sistema que é um sistema de fraude”, afirmou. O procurador explicou que manter dinheiro no exterior é lícito, desde que seja declarado aos órgãos brasileiros, como a Receita Federal. Com Agência Brasil.

Fonte: Jornal do Brasil.