quinta-feira, 8 de março de 2012

A crise da atividade econômica


       Os empresários brasileiros, ao contrário da ideia propagada de que vivem em uma super economia e com as facilidades de um mercado próspero – com base nas divulgações que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,7% em 2011, e o Brasil passou a ser a sexta economia mundial ultrapassando o Reino Unido - , vivenciam um terreno estéril, propenso a derrocadas e no qual muitas empresas que se aventuram fecham, buscam recuperação judicial ou simplesmente quebram (pedem falência).
       Segundo o Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações, houve 152 pedidos de falência em todo o país, somente no mês de fevereiro. O número demonstra uma aumento forte, sendo que não é isolado; em janeiro último, o levantamento havia verificado 124 requerimentos, e em dezembro de 2011, 120 pedidos, o que demonstra um aumento gradativo.
       Cabe ser ressaltado que dos 152 pedidos de falência realizados em fevereiro deste ano, 79 foram de micro e pequenas empresas, 46 de médias e 27 de grandes empresas.
       Deve ainda ser respeitada a cifra negra, ou seja, as empresas que fecham informalmente, sem qualquer comunicação aos órgãos legais e que não são computadas em estatísticas. Existe ainda uma cifra cinza, de empresas que, mesmo sem falir, fecham as portas. Assim, o número real de empresas fechando as portas em janeiro e fevereiro é, com certeza, muito mais preocupante. O crescimento sólido da economia interna do Brasil, dos últimos tempos, está diretamente relacionado ao aumento de crédito fornecido ao mercado (dívidas assumidas e em sua maioria ainda não pagas).
       Por isso, o aviso de emergência que se acende é sobre a inadimplência do mercado. Os economistas da Serasa Experian salientam que a inadimplência das empresas vem subindo em razão da menor capacidade de gerar receitas para pagar as dívidas assumidas, consequência clara da baixa atividade econômica e dos juros ainda elevados. Além disso, a inadimplência do consumidor também influencia diretamente no caixa dos negócios. Resultado, desta cadeia e interdependência dos negócios, o período que sobrevém é de enxugamento da circulação de dinheiro no mercado, menor crescimento e aumento das falências.
       A estimativa do Euler-Hermes, maior grupo mundial de seguros de crédito, é que este ano, pelo menos 330 mil empresas ao redor do mundo passem a fazer parte do grupo das companhias falidas – número 3% maior do que no ano passado. E o Brasil, mesmo não sofrendo tantos impactos, deve tomar cuidado, afinal, os reflexos da crise podem, de alguma maneira, afetar as empresas nacionais.
* Frederico Cattani Advocacia, sediada em Salvador, Bahia, atua com foco no Direito Empresarial e Penal, com ênfase em crimes societários, falimentares, econômicos e financeiros. *